LINHAS QUE CORTAM

By Maria Guilhermina Terra - 19:52

                                Um retrato da mobilidade da Zona Leste

          
         Linha vermelha do metrô em representação ao título da crônica "Linhas que Cortam"
        Imagem: Maria Guilhermina Terra



Linhas que cortam,

Cortam tanto que o chão que antes era batido de terra vermelha,
Hoje passa muita gente
Gente feita de gente, que corre, que luta, que anda,
Anda tanto que às vezes prefere nem mais andar.
Sentado no banco de frente à parede de barroco, ouvia depois de alguns longos segundos alguém apressado chamar.
- Olha, menino, aqui nesse lugar o tempo passa como ele quer. Tem novidade não, é tudo muito longe, a gente se diverte com o que a gente tem.
Mal ele sabia, ninguém sabia.
Terra vermelha já não era mais terra,
Era um estraçalhado de vários nós, nós profundos.
De linhas,
linhas que cortam,
Feito linha vermelha.
De manhãzinha a vizinha toda reunida, as portas das casas cheia de gente. Há algo novo por ali, é construção das grandes, diziam. Eles não sabiam, ninguém sabia.
Cautela em analisar a situação, o chão batido já não é de terra vermelha, mas passa a linha no lugar que já foi um dia.
Um, três, cinco, são os passos que hoje contam pra se chegar, antigamente quiçá tivesse que ter mais algumas mãos pra contar.
Com os pés no chão vê uma multidão,
Histórias se cruzam nas baldeações
Corriqueira vida da rotina, passa um e lá vem o outro.
O tempo aqui é diferente... É correria!
Muda tudo, é como mudar terra em andarilhos.
O barulho vem e já sinaliza. Cada um em seu tempo, vêm todos.
Por ali também chegou, o longe hoje é centro
Zona leste é vizinha,
Pelas linhas que se cortam,
Cortam muita gente.
Pés no chão, lá vem a multidão
Que hoje anda e chega, e chega aonde quiser
Pelas linhas,
aquelas que cortam a vida de muita gente.

  Confira o vídeo da crônica na integra pelo nosso canal no YouTube https://youtu.be/k_KJRt-zlSA

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