Um dos mais antigos bairros de São Paulo, a Penha, completará 353 anos no próximo 8 de setembro. Confira a sua história e curiosidades.
A Igreja Nossa Senhora da Penha é ponto de referência do bairro. Foto: iStock |
353 anos, é muito tempo, ainda mais para um bairro de São Paulo, uma cidade que não para de crescer. Mas a Penha é um caso à parte, onde a história da capital e do bairro podem ser vistas no próprio centro.
O centro histórico foi tombado em 2018, devido as suas ruas
serem as mesmas desde o período colonial, que é quando a história dessa região
começa a ser ‘’escrita’’ e as mudanças começam a surgir.
Ainda antes do ‘’descobrimento’’ do Brasil, na região do
tradicional bairro paulista, já habitavam moradores, os índios Guaianá das
Aldeias Ururay. Porém, como bem sabemos, com a chegada dos portugueses, veio o
encontro fatal com os índios, que foram sendo extintos de suas áreas.
Não foi diferente na região que futuramente seria a Penha.
Com o genocídio dos índios que moravam lá, os bandeirantes começaram a ocupar
as regiões, que eram férteis. Os irmãos Mateus Nunes Siqueira e Jacinto Nunes
de Siqueira, que eram padres, pediram à Câmara Municipal, terras para erguer
uma igreja, onde hoje é a Penha, originando, assim, a lenda de Nossa Senhora da
Penha no alto da colina.
Segundo a popular lenda da região, um viajante francês
seguindo seu trajeto levava em sua bagagem uma imagem de Nossa Senhora de
Penha. Decidiu então pernoitar em uma colina, que hoje se localiza o bairro da
Penha. No dia seguinte, decidiu seguir seu trajeto, porém, logo que foi embora
percebeu que a santa não estava mais consigo.
Ele então voltou ao local e notou que lá estava ela.
Guardou-a novamente e seguiu seu caminho. Logo notou que a santa havia sumido
novamente, foi então que voltou e a viu no mesmo local. Assim entendeu que ali
era o lugar dela, e assim, decidiu construir lá uma capela.
O COMEÇO DO CRESCIMENTO
Com a criação da Igreja de Nossa Senhora da Penha,
nascia a Penha, que começava a crescer em torno da igreja e atraia milhares de
peregrinos. A região também cresceu por ser passagem obrigatória para os
viajantes que iam do centro para o leste e para o Rio de Janeiro.
Por ser uma região bem localizada e no alto de uma colina,
a Penha também era o lugar em que as pessoas passavam para perguntar sobre o
clima em Santos, já que do bairro podia-se ver a Serra do Mar.
‘’Eu via a Serra do Mar do alto da casa onde
morei com meus pais na Rua Arnaldo Vallardi Portilho. Não havia prédios altos.
Podia-se ver inclusive o relógio digital no topo do Conjunto Nacional da
Paulista, que meu pai conferia a hora com uma luneta’’, conta o professor de
arte e design Francisco Folco.
Após esse período, a região do planalto perdeu seu foco,
provavelmente pela descoberta de ouro nas regiões de minas. Porém, o crescimento
continuou no século XIX, em que as extensas terras foram sendo ocupadas por
novos proprietários.
Foram construídas várias chácaras para moradia e veraneio,
já que a região era um pouco mais afastada do centro, e assim servia como
recanto de férias. Além disso, os imigrantes também vieram morar aqui e montar
comércios, após a abolição da escravatura.
‘’A Penha cresceu com a chegada dos imigrantes:
portugueses e japoneses nas chácaras, italianos nos serviços, árabes, gregos e
alemães no comércio’’, explica Folco.
Com início da industrialização, vieram mais moradores e
imigrantes para a Penha e as vilas em sua volta. Assim começou a venda
desenfreada dos lotes de terrenos e das chácaras da Penha, sem nenhum projeto
urbano. Um exemplo foram as terras de D. Maria Carlota (moradora que investia
muito no bairro em seus primórdios), que iam desde a Rua Betari até a Vila
Matilde.
Com o crescimento da região, o local que antes era apenas
um distrito separado da cidade, se tornou oficialmente um bairro em 1901, com a
chegada do bonde.
‘’Nos registros históricos da cidade de São Paulo, nada se fala sobre a Penha, pois a cidade ia até o Belém. De lá para cá era só mato e áreas agrícolas’’, disse o criador do Memorial Penha de França, Francisco.
A CAPITAL DO ESTADO
Foi em 1924, na Revolta Paulista em São Paulo, que a Penha
ficou conhecida como a capital do estado. Na época, o palácio do governo do
estado era alvo de constantes bombardeios.
Então, o governador de São Paulo, Carlos de Campos, em 9 de
julho, decidiu refugiar-se dentro de uma delegacia, que ficava no Largo do
Rosário, na Penha. O bairro foi a capital de SP por dois meses.
Delegacia de Polícia no Largo do Rosário como sede do governo de S. Paulo durante a revolução de 1924 – Foto: Memorial Penha de França |
UMA TRADIÇÃO QUE SE FOI...
Com a vinda dos imigrantes e o país que se tornou laico, a
característica do bairro, de ser muito religioso, foi perdendo a força, explica
a historiadora Adriana Lopes Pereira:
Assim, na Penha hoje temos diversos Centros
Espíritas Kardecistas, como terreiros de Umbanda e Candomblé e diferentes protestantes.
O lojista de 55 anos, Luiz Antônio Carneiro Alexandre, que
mora na penha desde 1970, conta sobre a antiga tradição de comemoração da data
do Corpus Christi. A rua era toda enfeitada com adereços alusivos à data
comemorativa, como desenhos feitos em café e em serragem, de Jesus Cristo e
Nossa Senhora da Aparecida (padroeira de São Paulo).
‘’Era uma tradição de centena de anos, que quando eu era pequeno ainda tinha, mas hoje não tem mais. Uma pena’’, lamenta Luiz.
Atualmente, a maior tradição religiosa que ainda persiste no bairro é a procissão de Nossa Senhora da Penha.
Além das duas igrejas antigas que a Penha tem em sua
história (Igreja Rosário dos Homens Pretos da Penha e a Igreja Matriz de Nossa
Senhora da Penha de França), há a famosa Basílica Nossa Sra. da Penha de
França de São Paulo.
A basílica é o cartão postal do bairro, pois além de
enorme, se localiza em um dos pontos mais altos da zona leste e pode ser vista
de muito longe, como do Tatuapé, metrô da Penha, viaduto do Aricanduva, em
resumo, pode ser apreciada a quilômetros de distância.
Ela começou a ser construída em 1957, por Dom Carlos de
Vasconcelos Mota. Levou 10 anos para ser finalizada, tendo sua primeira missa
feita em 1967. Ela foi construída para comportar os muitos fieis da região, que
já não cabiam mais nas antigas igrejas.
Algo que também fez parte da história da Penha, mas hoje
não existe mais (em circulação) são os famosos bondes elétricos. Como já
citado, eles chegaram no bairro em 1901, melhorando a circulação de quem subia
para o centro da Penha.
Bonde da Penha em 1963 - Foto: Memorial Penha de França |
Era a principal linha que levava os penhenses para o centro de São Paulo, e era também, a segunda linha inaugurada em SP. Servia como meio de transporte para as pessoas durante o dia todo, e nas madrugadas servia como transporte de mercadorias das chácaras da Penha e Tatuapé para o mercado municipal.
‘’Na Penha, o bonde subia a ladeira e deixava
os passageiros no centro do bairro, na Praça 8 de Setembro; coisa que o metrô
até hoje não faz’’, ressalta Francisco Folco.
Bonde da Penha na Praça 8 de Setembro em 1963 - Foto: Earl Clark |
Para quem desembarca no metrô, que fica no pé da colina (na divisa entre Penha e vila Matilde), e deseja subir até o centro da Penha, é necessário pegar um ônibus.
Vale lembrar que o governo já iniciou as obras para
expansão da Linha 2-Verde, que deverá ter uma estação no alto da colina, mais
próxima do centro, facilitando a locomoção dos moradores da região.
A ampliação da linha prevê que ela vá de Vila Prudente até
Dutra. Ela fará uma ligação entre as linhas 3-Vermelha, 15-Prata e com a Linha
11-Coral da CPTM.
A obra será entregue em 2 fases, a primeira com previsão
para entrega em 2025 (até a estação Penha) e a segunda em 2026. Porém, as datas
podem atrasar devido à crise causada pelo COVID-19.
No momento, até o trecho da Penha as obras seguem com a
preparação dos canteiros. Já na Penha de França, o local por onde o metrô
passará segue em desapropriação, quase finalizada.
Futuras novas estações da Linha 2-Verde - Foto: Via Trolebus |
CARRO PARA QUE?
Muitos moradores do bairro não têm carro. Isso porque além
das ruas serem estreitas, quase tudo é possível fazer sem sair do bairro, já
que seu comércio, por exemplo, é muito grande, o ponto forte do bairro.
‘’Quando precisa (de carro), a gente aluga para
viajar’’, conta Folco.
Porém, para quem tem carro, nem tudo é bom. A entrada de acesso
por automóvel de quem vem pela marginal e Radial Leste é alvo de muitas
críticas, devido as dificuldades que a entrada apresenta.
E para quem anda a pé, há também problemas. Como a
circulação nas calçadas é grande, elas acabam ficando ruins, e por isso, também
tem sido alvo de reclamações. Assim como as ruas, que têm muitos buracos, um
problema que é bem popular na cidade inteira.
Centro da Penha na década de 70 - Foto: São Paulo Antiga |
Além das ruas, os moradores também se queixam de outro problema popular: a violência. Ela ocorre, principalmente por falta de policiamento nas ruas menos movimentadas do bairro.
‘’A violência e o alto
índice de assaltos fazem com que os moradores se sintam inseguros de morar aqui
atualmente. Eu por exemplo, tive meu carro roubado mais de 3 vezes em menos de
2 anos’’, contou a bancaria de 24 anos, Sthefannie Prince Bonvento.
A ex-moradora Rosalina Guidoni, de 83 anos, morou na Penha
desde que nasceu, até 2019, e conta que lembra dos tempos que o bairro não era
tão afetado pelos problemas de segurança:
O bairro era tranquilo, as crianças
brincavam na rua, sem perigos. Pega-pega, de roda, pipa, infância diferente de
hoje.
1940: Av. Penha da França e o comércio voltado à igreja. Casas de artigos religiosos e estúdios de fotografia - Foto: Memorial Penha de França |
UM BAIRRO ÚNICO
Por ter tantos anos de existência e tantos moradores, o
bairro acumula histórias e se torna único. Há histórias famosas que marcam as
gerações da Penha.
Dentre as marcantes histórias, estão a da vinda de Dom
Pedro I, que veio na Penha para receber apoio dos paulistas um pouco antes de
dar o famoso Grito da Independência. Ele também fez uma prece na igreja do
Largo do Rosário.
‘’A passagem de Pedro l pela Penha não foi
apenas um descanso. Era uma reunião política com os produtores de café, como
fez por todo o caminho que percorreu do Rio para cá, passando pelas ricas
fazendas produtoras de café em Bananal, São José do Barreiro e Areias,
prometendo não acabar com a escravidão e redução dos impostos’’, explicou Folco.
Outra figura famosa que já foi na Penha foi o filho de Dom
Pedro I, Dom Pedro II, junto de sua esposa, a imperatriz consorte
Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias, em 1886, três anos antes da
proclamação da república.
Seu proposito político era conseguir apoio contra os
republicanos. Em sua passagem, ele foi até uma igreja, lá foi recebido por uma
chuva de pétalas. Após isso, seria servido um caro banquete de lanche para o
casal, mas não foi consumido porque o imperador não estava com fome.
Na Penha também se teve o primeiro carnaval de rua, com a
festa da ‘’Batalha de Confetes”, em que os homens se vestiam de mulher para
brincar no carnaval, divertindo os foliões.
Foi na Penha, também, que surgiu o primeiro cinema fora do
centro de São Paulo, o Cine Penha Theatro. Ele foi fundado em 1926 e em 1956
recebeu uma reforma. Nele havia plateia, camarotes e balcão. Hoje ele já não existe mais,
pois o local agora é um prédio comercial.
Foto de 1926: Fundo do Cine Penha Theatro, a primeira sala de cinema em São Paulo fora do Centro – Foto: Memorial Penha de França |
Outro lugar, este mais novo, que é muito apreciado pelos moradores, é o Shopping da Penha. Ele foi inaugurado em 1992 e se tornou um dos pioneiros na região. Em 2004 recebeu reformas que aumentaram e modernizaram o local, tornando-o o principal centro de compras da região.
‘’A
praça de eventos do Shopping Penha sempre tinha uma atividade recreativa
infantil e eu participava todos os dias após a escola’’ relembra Sthefannie.
Vista aérea da demolição da metalúrgica Foz para a construção do Shopping Penha em 1990 – Foto: Memorial Penha de França |
Shopping Penha – Foto: SP Jornal |
Além do bairro ser único, o penhense também é. Os moradores gostam muito da região e elogiam muito viver na Penha. O fato de a região ter uma longa história é motivo de muito orgulho.
‘’O que me mantem na Penha é o clima acolhedor de cidade do interior dentro dessa selva de pedras que é a cidade de São Paulo. É um pedacinho de paz em meio aos arranha-céus dos bairros vizinhos e até do Centro’’, diz o morador Luiz Antônio.
OS PATRIMÔNIOS
Muitas das pessoas que passam pelo centro da Penha podem até
não saber, mas lá se guarda muita história. Os belos imóveis tombados são
facilmente notados. E claro, temos os mais famosos.
A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Penha de França é
um dos patrimônios, que estão no centro primitivo da Penha. Inaugurada em 1668,
o marco da criação do bairro, como já citamos.
Praça N. Sra. da Penha em 1925. Notar a bomba de gasolina no topo da ladeira. Era a única bomba de combustível em toda região leste. Caminho para o Rio de Janeiro. – Foto: Memorial Penha de França |
Há também a Igreja Rosário dos Homens Pretos da Penha, que fica atrás da Igreja Matriz. Entre as duas há apenas o colégio São Vicente de Paula. A Igreja foi construída por escravos negros e seus descendentes, depois de ficarem 5 anos nas ruas arrecadando dinheiro. A Igreja foi construída em 1802 e é um dos símbolos da resistência negra na cidade.
Fachada principal da igreja - Foto: Wikipédia |
Outro patrimônio, localizado na Praça 8 de Setembro, é a Escola Estadual Santos Dumont, que foi inaugurada em 1913. Em seu centenário, a diretora estimou que a escola de ensino fundamental já teve 50 mil alunos. A estrutura física foi tombada como patrimônio da humanidade.
Grupo Escolar Santos Dumont na Pça. 8 de Setembro em 1935. Foi a primeira escola pública da região, inaugurada em 1913. Foto: Memorial Penha de França |
A historiadora Adriana Lopes Pereira, que está escrevendo
um livro em que contará sobre imóveis históricos da Penha, conta que muitos
imóveis sofrem atos de vandalismo.
Além desses imóveis, existem os que são prejudicados pelo
tempo e acabam não sendo restaurados ou devidamente tratados por falta de
condição financeira dos moradores e descaço do poder público.
Há também os imóveis que acabam se deteriorando e são
demolidos para darem lugar para novos prédios de empresas. Com isso, cada vez
mais o bairro se descaracteriza.
Um exemplo disso é o antigo Colégio Ateneu Ruy Barbosa,
que foi demolido há cerca de 10 anos. O imóvel tinha sido adquirido por Ateneu
Ruy Barbosa em 1927 e foi uma das referências de escola na cidade por mais de
80 anos. Antes de ser colégio, era residência do Comendador Cantinho.
‘’Estar naquela escola parecia estar em um
filme do Harry Potter. Então derrubaram para construir um prédio, tipo como o Dr.
Abobrinha queria fazer com o Castelo-Ra-Tim-Bum. Ou seja: sem apego nenhum à
história e à memória de todos aqueles que ali viveram, e também ao que os
espaços poderiam proporcionar ainda futuramente’’, conta Luiz Antônio.
Ateneu Ruy Barbosa em 1927 - Foto: São Paulo Antiga |
A primeira padaria da Penha, construída no final do século XIX, era uma relíquia. Porém, nos seus últimos anos que ainda estava de pé, seu estado era de abandonado. Era uma das principais referências históricas do bairro, mas foi demolida em agosto de 2014.
Padaria na Penha em 1930, em plena atividade – Foto: São Paulo Antiga |
O Palacete Rodovalho é outro imóvel histórico que hoje não existe mais. Era majestoso e enorme. Pertencia a Cel. Antônio Proost Rodovalho, fundador da Associação Comercial de São Paulo, proprietário da Cia. Melhoramentos de Papel e criador do serviço funerário no município de São Paulo. Era amigo pessoal do Imperador Pedro II. Foi vereador de 1866 a 1870 e administrador das obras da Estrada de Ferro São Paulo-Rio.
Palacete Rodovalho em 1900 - Foto: Memorial Penha de França |
Rodovalho morreu em 1913, e seu filho, Antônio Rodovalho Junior, faleceu em 1941. Com isso, o palacete acabou sendo abandonado. Nos anos da década de 40, o lugar ganhou fama de mal-assombrado, quem passava por lá tinha pavor.
Durante as noites podia-se ouvir gritos, barulhos de
correntes arrastando e luzes de velas piscando. A fama era tanta que pessoas vinham
de longe para ver os horrores, que viraram até matéria em alguns jornais e
estações de rádio. Porém, quando as estações de rádio chegavam para presenciar
as assombrações, elas não ocorriam.
O curador do Memorial da Penha de França, Francisco Folco,
conta que em 2004, um antigo morador, que vivia no bairro nos anos 40, visitou
o memorial. O morador, Sérgio Bastos, prestou um depoimento histórico que
confessou que ele e seu amigo eram os ‘’fantasmas’’ do palacete.
‘’Eles se divertiam horrorizando a população. No
dia que as rádios vieram, nada fizeram com medo de serem descobertos’’, contou
Folco.
O Palacete foi demolido no início da década de 1960 para dar lugar à um conjunto de prédios.
O antigo bairro da zona leste também já foi moradia de
muitas pessoas famosas, que moravam na Penha antes (e depois) de se tornarem
grandes sucessos.
Entre elas, a atriz global Paolla Oliveira, que em
sua infância andava e brincava pelas ruas da Penha. Ela morou na Penha até os
23 anos de idade, antes de se mudar para o Rio de Janeiro. Na época, ela atuava
na novela Belíssima (2005). Ela ainda frequenta o bairro, mas para visitar seus
pais.
Paolla começou sua vida de atriz quando morava na zona
leste. Realizava oficinas de teatro no Belém e Tatuapé, estudou na escola
estadual Ascendino Reis, cursou fisioterapia na Unicsul de São Miguel e estagiou
no Hospital de Guaianazes.
A atriz já até gravou alguns comerciais no bairro para uma
grande loja de roupas. Confira:
https://www.youtube.com/watch?v=Pw95M9ocgLg
Paolla Oliveira - Imagem: Reprodução/Instagram |
Outra figura muito famosa que nasceu, residia na Penha e era muito apaixonada pelo bairro, é o ex-ponta-direita Julinho Botelho, um dos maiores ídolos da Portuguesa, Palmeiras e Fiorentina. Jogou pela seleção brasileira de 1952 até 1965, e com isso, participou da copa do mundo de 1954.
Julinho (1929-2003) nasceu, morreu e foi sepultado na
Penha. Amava muito o bairro, tanto que esse foi um dos grandes fatores que
determinaram a volta do jogador para o futebol brasileiro em 1958, quando
começou a jogar pelo Palmeiras.
Começou a brilhar em campo ainda quando jogava nos campos
de várzea da Penha, onde hoje há o Colégio Júlio Botelho, que um de seus
mantenedores é Carlos Botelho, filho do craque.
Júlio Botelho em 1954 - Foto: Jankiel Gonczarowska - Arquivo Público do Estado |
Um grande ex-jogador que também nasceu e cresceu na Penha foi Walter Casagrande. Muitas de suas histórias de juventude no bairro são contadas em sua biografia Casagrande e Seus Demônios (Globo Livros; 248 páginas). Na década de 70, chegou a defender o time de futebol de salão do Clube Esportivo da Penha.
Aos 23 anos, na época jogava na Europa, Casagrande já tinha
3 casas na Penha, e segundo ele, uma vida organizada. No tradicional bairro é
onde o comentarista da Globo tem muitas de suas amizades e familiares.
Casagrande em 1979, em frente à sua casa, na Penha (zona leste de São Paulo), encostado em um Chevette. Foto: arquivo pessoal de Casagrande |
CONHECENDO MAIS A FUNDO
Para quem quer conhecer mais da história da Penha,
visita-la é uma ótima dica. Mas para quem se interessa em ver imagens, existe
no bairro o Memorial Penha de França, que se localiza num casarão
histórico, do ano de 1930. O endereço: rua Betari, 560.
Memorial Penha de França - Foto: Ururay Patrimônio Leste
Criado pelo professor Francisco Folco, o lugar reúne diversas imagens incríveis da história da Penha. O memorial tem um acervo digital de aproximadamente 600 imagens restauradas (a mais antiga de 1905), gravuras do período colonial e documentos de resgate cultural e histórico.
O
Memorial promove saraus de música, poesia e literatura com artistas da região,
e também oferece cursos de História da Arte e Fotografia. Para conhecer o
Memorial Penha de França, é preciso agendar antecipadamente pelo número/Whatsapp:
(11) 93800-7435. Não há cobrança de ingresso.
Atualmente,
com a pandemia, o memorial está temporariamente fechado e ainda estuda como se
adequar.
‘’Estamos aguardando como a população vai reagir
a sair de casa para uma atividade cultural daqui para frente’’, conta o curador
Francisco Folco.
E para quem se interessa em ler mais histórias sobre imóveis da Penha e curiosidades, pode seguir a página da historiadora Adriana Lopes Pereira: @acidadeeotempo no Instagram e Facebook.
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