BATE-PAPO COM O MUSEU DA IMIGRAÇÃO

By Maria Guilhermina Terra - 05:59

                   Conheça mais de perto a história de um dos maiores museus do Brasil 

Imagem do acervo digital do Museu da Imigração


O Museu da Imigração do Estado de São Paulo tem por objetivo preservar a memória das pessoas que chegaram ao Brasil por meio da Hospedaria de Imigrantes e o relacionamento que ao longo dos anos foi construído com comunidades que contribuíram para a formação da Identidade Paulista. O local traz a oportunidade de conhecer e refletir sobre o processo migratório do país.

Em 1887 foi inaugurada a primeira hospedaria de Imigrantes em São Paulo para abrigar milhares de estrangeiros e brasileiros, o lugar passou por diversas modificações ao longo dos anos e foi em 2011 que finalmente passou a se chamar Museu da Imigração.

Em seu novo projeto o museu pretende destacar ainda mais este encontro de múltiplas histórias e origens, e trazer ao público um contato com lembranças de pessoas que chegaram de lugares distantes em busca de trabalho. É por isso que O Cidade Leste, entrevistou Angélica Beghini, Gestora do Núcleo de Pesquisa do Museu da Imigração, para contar um pouquinho da história e da importância desse Patrimônio Cultural.


- Como originou-se o Museu da Imigração?

O Museu da Imigração ocupa o edifício da antiga Hospedaria de Imigrantes do Brás. Aberta em 1887, essa instituição foi fundada com o objetivo de acolher migrantes internacionais para trabalhar nas lavouras de café do interior do Estado de São Paulo. Com o tempo, passou a receber também migrantes internos, até o final da década de 1970. A documentação da Hospedaria, bem como seu patrimônio material, deu origem a um centro de documentação e memória e, então, um Museu, cujo acervo somou-se às doações de objetos pertencentes às famílias migrantes, bem como uma rica coleção de História Oral, já na década de 1990.


- Qual a importância do museu para a cultura de São Paulo?

Além de refletir sobre a história do período da Grande Imigração (final do século XIX e início do XX) e da própria Hospedaria de Imigrantes do Brás, o Museu tem, atualmente, o fundamental papel de discutir as importâncias dos fenômenos migratórios, tanto no passado quanto no presente, marca fundamental da cidade de São Paulo.


- Como o museu relata a história da imigração brasileira?

A partir da história da Hospedaria, buscamos compreender as migrações como um processo contínuo e dinâmico na história das sociedades; um movimento que sempre aconteceu e sempre vai acontecer, e que possui grande importância em diversos aspectos – culturais, políticos, econômicos, entre outros – para a compreensão de nosso passado e nosso presente.


Antiga Hospedaria do imigrante
Foto: Wilson Mendonça

- Quais os países são relatados pelo museu como os principais construtores de São Paulo?

No caso da documentação da Hospedaria de Imigrantes do Brás, nota-se uma maior quantidade de registros de origem brasileira, italiana, portuguesa, espanhola e japonesa, que foram os grupos que passaram em maior quantidade pela instituição.


- Os bairros com maior número de imigrantes, ainda são até os dias de hoje, constituído por eles?

A cidade é dinâmica e as características dos bairros também. Alguns bairros tradicionalmente migrantes, como o Bixiga, ainda possuem muitas marcas da cultura italiana, mas conta, atualmente, com uma forte presença da cultura nordestina. O mesmo se dá com o Bom Retiro, que hoje apresenta uma rica mistura de influências, desde àquelas da cultura judaica até as atuais bolivianas e coreanas.


- Qual o principal marco na imigração paulistana é registrado pelo museu?

De uma perspectiva global, podemos considerar o período da Grande Imigração, no final do século XIX e início do XX, como um marco que movimentou diversas nacionalidades. Atualmente, por sua vez, também vivemos um momento de intensa dinâmica migratória e discussão sobre o assunto ao redor do mundo, intensificado por novos fluxos de migrantes e refugiados, fechamento de fronteiras, bem como políticas de recepção, entre outros.


- Se pudesse resumir o significado e a importância do museu para a educação cultural de São Paulo, o que seria?

Resumidamente, a importância está na reflexão sobre a beleza da diversidade e a importância da soma que existe nos processos migratórios. A cidade de São Paulo é o que conhecemos devido a todas essas influências, do passado e do presente. Aproximar essas experiências e construir empatia também é um de nossos carros chefes.



- Qual a colaboração da imigração na construção da identidade social da cidade?

A Imigração contribui não só com a gastronomia, a música, as roupas ou a linguagem, por exemplo. Ela está presente em diversas estruturas de nossa sociedade, na política, na economia, no mercado de trabalho e na urbanização. É impossível compreender qualquer aspecto da cidade de São Paulo sem um estudo das migrações.



- Qual história mais lhe marcou trabalhando neste lugar?

São inúmeras! A relação de famílias de migrantes com seus cadernos de receita, tema abordado na exposição temporária “Migrações à Mesa”, bem como o atual movimento de mulheres migrantes por direitos e representatividade na cidade de São Paulo certamente estão entre as histórias mais marcantes, de uma perspectiva pessoal.

Entrada do Museu
Foto: Luciana Fernandes


- Você acredita que a imigração possa transformar vidas, pessoas e histórias?

Sim, sem dúvida. Não só daqueles que migram, mas de todos e tudo que está ao seu redor.



Para mais informações acesse o site http://museudaimigracao.org.br/



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